O que fazer, secretário?
“A continuar no ritmo corrente, 2013 se encerrará como o ano mais violento da história do Ceará. Em apenas quatro meses, 1.356 pessoas foram assassinadas no Estado. No mesmo período de 2012, 1.050 casos haviam sido registrados. Um aumento de 29%. Ou 306 mais vidas interrompidas do que no primeiro quadrimestre do ano passado. Ou 339 mortes intencionais todo mês. Ou ainda 11 extermínios todo dia. Um cenário bélico.
Em Fortaleza, a violência extrema cresceu 30% nesse recorte de tempo. Saltou de 507 homicídios dolosos (com a intenção de matar) para 662. Médias de 165/mês e cinco/dia. Em São Paulo, maior cidade do Brasil com 4,5 mais população do que a capital cearense, 108 pessoas foram assassinadas por mês (entre janeiro e março de 2013). Por dia, foram três. O POVO chegou aos índices e percentuais analisando os relatórios disponibilizados pelas secretarias de segurança pública dos dois estados na Internet. Resultado: em apenas quatro meses, o Ceará já soma 37% dos homicídios de 2012 inteiro. Para a capital, a proporção é de 40%.
Caos denunciado pelo O POVO no último dia 7/5, com o especial “873 assassinados a tiros em 2013”. Levantamento exclusivo e retirado da totalização de corpos feita diariamente pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) revelou aumento de 62,5% somente nas mortes ocasionadas por arma de fogo este ano – tendo 2011 como ano-base. Dos 184 municípios cearenses, 62 ainda não registraram homicídios em 2013. Dentre os 119 bairros da Capital, apenas 21 por ora escapam da estatística de assassinatos. (ver quadro)
Para especialistas ouvidos pelo O POVO, o avanço desenfreado da violência no Ceará comprova a falência do sistema estadual de segurança, que precisaria ser integralmente reformulado de forma imediata e posto em prática sem a atual lógica militarista. “No mundo todo, só se conseguiu reduzir índices com mudanças de política pública. Aqui, enquanto isso não acontecer, tudo só tende a piorar”, acredita o coordenador do Laboratório de Estudos sobre Conflitualidade e Violência (Covio/Uece), Geovani Jacó.
O POVO procurou o titular da SSPDS, coronel Francisco Bezerra, para cobrar explicações quanto ao pico de assassinatos em março, o aumento de casos em relação ao ano passado e à redução de ocorrências de março para abril. Contudo, a assessoria do secretário informou que a Polícia Militar pronunciaria-se sobre o assunto. A assessoria do comandante da PM, coronel Werisleik Matias, no entanto, disse não ser possível o contato com o militar por ele estar em reunião. Não houve retorno até o fechamento da matéria.”
(O POVO)
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